PROFESSOR! Você já parou para pensar que papel tem ou teve esta pessoa na sua vida? Com certeza todos nós temos lembranças boas e ruins para contar da nossa vida escolar.Eu,por exemplo, sempre gostei de estudar! Gostava dos professores, dos amigos, das coisas que eu aprendia, das paqueras... de tudo! E foi por esta paixão em aprender e ajudar ao próximo que a vida me fez voltar a sala de aula, mas do outro lado: agora como professora!
Nem sei como tudo começou, talvez eu já tenha nascido assim. Só sei que desde pequena eu já lecionava para os meus alunos imaginários, que as vezes eram substituídos pelas bonecas, rs. Anos se passaram, e então resolvi ser diversas coisas: cantora, aeromoça, arqueóloga, fisioterapeuta, jornalista... menos professora!
Com paixão pelas palavras e literatura, fui parar na faculdade de Letras, na Universidade de São Paulo (com a mão e benção de Deus). Pensava em trabalhar com correção de texto, tradução, redação de jornal, mas foi na licenciatura que descobri o que eu realmente gostava de fazer: lecionar! (ok, poderia ser óbvio para muitas pessoas, mas foi uma descoberta para mim!). Ao fim dos estágios eu sentia falta dos alunos, da troca que tínhamos em sala de aula, apesar de todos os problemas que bem já conhecemos sobre o universo escolar.
Logo no primeiro ano da graduação tive uma experiência incrível, que me marcou profundamente: fui a uma favela do meu bairro e comecei a alfabetizar jovens a adultos. Não, eu nunca havia tido esta experiência, mas busquei informações sobre o assunto, estudei e fiz com toda paixão. Aprendi muito e tive o privilégio de ajudar muitas pessoas queridas.
Em 2008, 5 anos após esta primeira experiência, realizei os meus estágios obrigatórios, e assim lecionei durante um ano para uma turma de 25 alunos em um curso de espanhol. Amei! A primeira vez que estava ali, com adolescentes, ensinando uma nova língua, desenvolvendo material didático e preparando aulas.
Por todas estas lembranças não consigo pontuar exatamente quando me tornei professora. Talvez desde sempre? Não sei. Talvez ainda esteja me tornando uma? Pode ser... Só sei que, mais ou menos um ano e meio atrás comecei a ficar mais e mais incomodada sobre a Educação, a ponto de sentir a necessidade de fazer alguma coisa. Mas fazer o quê? Largar meu emprego numa multinacional? Deixar uma carreira de 6 anos na área administrativa? Enfrentar todas as duras dificuldades em sala de aula? Fui orando, buscando resposta de Deus...e eis que abre o concurso público para a Prefeitura de São Paulo e para o Estado. Com muito, muito, mas muito medo, mas disposta a obedecer a Deus, estudei e fiz as provas, pensando que estava treinando para em 5 ou 10 anos estar preparada para mudanças. Mas então surge a resposta de Deus: mais de 200 inscritos por vaga em cada concurso e passei nos dois! (olha a mão de Deus!).
Surpresa e sem reação, respirei fundo, pedi graça de Deus e larguei tudo para tras, iniciando uma nova vida! Em 2010 passei a ser professora de 3 sextas séries e dois EJAs (Educação para Jovens e Adultos) e tive grandes aprendizados e momentos de alegrias. As lutas foram grandes, mas tive um ano de novas experiências, novos amigos e intenso trabalho. Neste ano, em 2011, leciono na sala de leitura para o Ensino Fundamental I na Prefeitura, e para 2 sextas séries na escola do Estado.
Se alguém ai acha que vida de professor é fácil, garanto: não é! Cada dia é um desafio novo de ensinar, cativar, educar, aprender, separar brigas, entender o universo adolescente, preparar aulas, reformular suas ideias e ideologias, intermediar novos saberes, construir aulas que façam sentido e despertem o interesse para que haja um efetivo aprendizado, deparar-se com alunos que não sabem ler nem escrever em séries avançadas, ensinar alunos com todo e qualquer tipo de deficiência... enfim, são muitas e muitas coisas, diante de uma sala que a princípio quer qualquer outra coisa, menos estudar!
Para melhorar minha prática tenho cursado Pedagogia, além de curso de Educação Inclusiva, Contação de História e Alfabetização. Busco, por meio da prática e das teorias, aperfeiçoar minha atividade como docente, e então poder auxiliar os alunos a terem esperança e opções para um futuro melhor, conforme opção de cada um deles. Quero, através do meu testemunho de vida, transmitir o respeito, a solidariedade e a vida de Deus, de modo que Ele mesmo possa cumprir a vontade Dele em mim. E é para isto que trabalho todos os dias, sonhando que nestes 24 anos que me restam antes da aposentadoria, Deus possa, em mim, marcar histórias.
Infelizmente estou longe de ser a professora que eu sonho ser (estou muito, mas muito longe mesmo), mas tenho boa vontade de aprender com meus erros, com os cursos e com meus alunos, a reformular, fazer e refazer, aprendendo a ensinar e a amar a cada dia. Sim, a amar! Porque para lecionar é preciso um amor sobrenatural, para perdoar as desavenças, a falta de respeito e os desaforos, e fazer cada dia ser um novo dia, onde Deus pode agir, formando então cidadãos conscientes, independentes, que acreditam que vale a pena lutar e construir uma vida melhor.
Sei que não consigo sozinha, e de fato, em apenas um ano já tive muitas vezes vontade de chorar e até de desistir, mas em Cristo recebo graça todos os dias para cumprir o chamado Dele, e ser enfim uma professora, segundo o seu coração.
A isto dedico meus dias, minha vida, meu suor, e meus sonhos. E garanto, apesar dos pesares, vale sim a pena!
CEU EMEF
Alunos EJA - 2010
Sala dos Professores
Alunos Fundamental I - 2011
*Usa-me, Senhor, e dá-me Graça para sair da cama e enfrentar uma sala de aula nos dias mais difíceis, porque tudo é para Ti. Ajuda-me a marcar histórias e restaurar sonhos, ensinando pessoas a ler, escrever, interpretar, e formá-los cidadãos. Em nome de Jesus, amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário