É assim como este texto fica na minha cabeça, toda vez que eu o leio: como areia dentro de uma ostra,que a incomoda, e lá permanece até ser transformada. Se aparecerá uma pérola, não sei, porque não tenho forças para lutar contra o sistema, mas que pesa sair da ignorância sobre o suposto "papel social da Educação", isto pesa.
Pensemos juntos a partir da leitura do trecho livro que estou relendo:
"Quando pensada como uma 'filosofia' ou uma 'política de educação', ela se apresenta juridicamente como um bem de todos, de que o estado assume a responsabilidade de distribuição em nome de todos. Mas sequer as pessoas a quem a educação serve, em princípio, são de algum modo consultadas sobre como ela deveria ser. A educação que chega à favela, chega pronta na escola, no livro e na lição. Os pais favelados dos alunos são convocados a matriculra os seus filhos, como se aquilo fosse um posto de recrutamento. Não são convocados, por exemplo, a debaterem com os professores como eles pensam que a escola da favela oderia ser uma verdadeira agência de serviços à sua gente. Mesmo que fossem, as suas ideias por certo não sairiam do caderno de anotações da diretoria. Mas não são só os pais e as crianças faveladas os que não t~em direitos de pensar na educação da favela. mesmo os cidadãos ricos e letrados não tem poder algum sobre as ideias que determinam a educação de seus filhos, e a imensa massa dos próprios educadores da linha de frente do trabalho pedagógico (professores, diretores de escola, orientadores, supervisores educacionais) têm o poder do exercício da reprodução das ideias prontas sobre educação e dos conteúdos impostos à educação. Mas não têm nem o direito nem o poder de participarem das decisões políticos-pedagógicos sobre a educação que praticam, Elas estão reservadas aos donos do poder político e às pequenas confrarias de intelectuais constituídas como seus porta-vozes pedagógicos. (...) A ideologia que fala através das leis, decretos e projetos da educação autoritária nega acima de tudo que ela seja uma pedagogia contra o homem- contra a verdadeira liberdade do homem através do saber, liberdade que existe através da verdadeira igualdade entre os homens.
Por isto há 'leis do ensino´que afirmam com fé de ofício os valores de uma suposta democracia feita através da educação, e que é a alama dos conteúdos de seu ensino. Estas afirmações teóricas ocultam o fato reals de que o exercício desta educação consgra a desigualdade que deveria destruir. Afirmar como ideia o que nega como prática é o que move o mecanismo da educação autoritária na sociedade desigual."
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação?. pags 94- 97.
Afinal, então educamos para reproduzir o sistema e manter a desigualdade já estipulada pelo Governo? Com a ilusão de fazermos algo, apenas concretizamos o que já está imposto? Para pensar...
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